De acordo com a história oral relatada pelos próprios Ticunas, eles eram índios que habitavam a terra firme e a cabeceiras dos igarapés. Viviam em constante guerra com outras tribos e aldeias Ticunas, sempre liderados por um Tó-i (chefe militar). Durante esse período, seu principal inimigo era o povo Omágua (Awane na língua Ticuna) que dominava boa parte da várzea e possuía uma supremacia militar, em relação aos seus vizinhos.
Os primeiros contatos com os não-índio datam do final do século XVII, quando jesuítas espanhóis vindos do Peru, liderados pelo Padre Samuel Fritz, começaram a fundar diversos aldeamentos ao longo do rio Solimões, que correspondem aos atuais municípios de São Paulo de Olivença, Amaturá, Fonte Boa e Tefé. Tais aldeamentos eram voltados, principalmente, para os Omáguas que eram muito mais numerosos na época, porém outros povos acabaram sendo incorporados como os Ticunas, Miranha, Xumana, Passé e Juri (sendo esses três últimos extintos em meados do século XIX). Nesse momento dos aldeamentos, os Ticunas puderam ocupar locais da várzea do rio Solimões, antes ocupados pelos Omáguas.
Na década de 1890, comerciantes vindos do interior do Ceará se estabeleceram na região e criaram diversos seringais, utilizando da mão-de-obra indígena dos Ticunas. A expropriação fundiária e o controle do trabalho indígena foram realizados por meios violentos, com a caçada aos índios, distrubuição das famílias em vários seringais e destruição das malocas. Até meados de 1940, os Ticunas ficaram sob o poder dos "patrões" seringalistas, cujo os quais controlavam todas as instituições político-administrativas e religiosas. Tanto os missionários, como os capuchinhos italianos, como os delegados da SPI, eram controlados pelos "patrões" e não tinham nenhum poder de ajudar dos Ticunas dessa escravização.
Em 1940 a SPI começa a agilizar uma ação mais intensiva na região do alto rio solimões, local onde os Ticunas estavam habitando, não só para poder ajudar os grupos indígenas que ali habitavam, mas também para resolver problemas na fronteira com os países vizinhos (como a "Questão de Letícia"). Em 1942 é construído um Posto Indígena em Tabatinga, coordenado pelo inspetor Carlos Pinto Correia, o que diminui parte do poder dos seringalistas sobre os indígenas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário